"Ponto de vista": Facebook, "Facenews", "Fakenews" ?


   Facebook, "Facenews", "Fakenews" ?

Logo após o sangrento ataque a uma mesquita no Sinai, que vitimou cerca de 300 pessoas, circulou em diversas das chamadas "redes sociais" um vídeo mostrando uma mesquita, bem como inúmeras cenas aterradoras, e que dada a celeridade com que foi colocado nas citadas redes teve enorme difusão, sendo muito mais visto do que outros que foram sendo depois difundidos pelas principais cadeias noticiosas.

Porém foi depois verificado que o vídeo em causa dizia respeito a outro atentado ocorrido muito antes - mas então já era tarde para que tal constatação fosse dada a conhecer com o mesmo impacto que a errónea difusão inicial tinha tido.

Nos EUA, bem como em muitos outros países, o Facebook já é a fonte noticiosa principal de mais de metade dos cidadãos, não cessando de aumentar a sua influência.

E se por um lado pode ser considerado positivo que haja fontes de informação originadas por cidadãos que possam ser aferidoras das notícias difundidas por grandes jornais ou outros "media", por outro há que considerar que a falta de capacidade da verificação da respectiva veracidade contribui para a difusão de factos inverídicos e muitas vezes manipulatórios: as agora famosas "Fake news".

No caso do Facebook, em que para a selecção das notícias de primeiro plano contribuem provavelmente complexos algoritmos, afigura-se difícil a adopção de critérios automáticos de identificação de falsidades ou inverdades.

Cabe aqui recordar um exemplo citado nestas páginas há alguns anos, em que um conjunto de técnicos do audio-visual informático cria um video de um suposto acidente de autocarro em Lyon - ocorrência que nunca existiu...

Resta assim ao cidadão, como única alternativa, não tomar de imediato uma notícia como verdadeira, e antes de sobre ela tomar uma decisão ou definir uma orientação, procurar certificar-se de que a fonte é fiável num grau de probabilidade elevado, recorrendo nomeadamente à comparação com outras.

E o mesmo é obviamente válido para todos os profissionais do Jornalismo, sob pena de verem descredibilizadas as informações que retransmitem, com a subsequente perda de crédito - sendo essencial que regularmente apelem aos seus "consumidores" no sentido de saudavelmente verificarem se as fontes noticiosas cumprem os requisitos de contraditório e de consistência da informação produzida.

Doutro modo, poderemos assistir a um adensar da evolução que titula este texto:
"Facebook, Facenews, Fakenews".

26.Novembro.2017.