"Ponto de vista": Redes "sociais" e Democracia.


   Redes "sociais" e Democracia.

Os recentes exemplos de algumas eleições presidenciais suscitam reflexões sobre o predomínio da argumentação de cariz 
demagógico e centrada na personalidade dos candidatos por contraponto à desejabilidade da apresentação de um programa político coerente e sólido.

Por outro lado tem sido recorrente o recurso à televisão e ao desempenho histriónico centrado em debates que assentam  principalmente no confronto de natureza emocional, colocando de lado a argumentação sobre programas e factos.

E. nos anos mais recentes, surgiu - agregando-se aos meios tradicionais de imprensa e radiodifusão - a comunicação nas chamadas redes "sociais", em que os detentores de poderosos meios de análise de dados sobre o perfil dos respectivos utilizadores.

Esta evolução tem contribuído decisivamente para que os processos deste tipo de escolhas eleitorais se centrem mais sobre o imaginário do que sobre a realidade, e mais sobre a emoção do que a propósito da razão.

Mais do que um programa, um actor; mais do que a lógica, o sentimento, e em vez da objectividade 
e da ponderação, uma rápida decisão pouco fundamentada.

E, enquanto na televisão há sempre a perspectiva do confronto de opiniões entre candidaturas, o mesmo ocorrendo na imprensa tradicional, já o mesmo não é susceptível de suceder nas quase sempre atomizadas redes"sociais" electrónicas, que tendem a ser muito mais repercutoras de informação do que propriamente largos espaços de diálogo e de troca de opiniões.

E, obviamente, campo fértil para a difusão de notícias falsas ou tendenciosas.

É assim fundamental reflectir-se sobre os modelos de organização do poder político, e logicamente sobre a respectiva organização e necessários processos eleitorais, colocando os instrumentos de comunicação no seu lugar de difusores de informação.


11.Junho.2017