"Ponto de vista": Poder Local, e "redes sociais".


    Poder Local, e "redes sociais".

No conjunto de textos que a propósito do Poder Local tenho vindo a publicar nestas páginas caberão algumas referências ao papel que as "redes sociais" poderão assumir na melhoria do exercício da democracia de base nas sociedades tecnologicamente mais avançadas no que respeita às comunicações electrónicas - em especial quanto às habitualmente designadas por "redes sociais".

Nestas destacam-se, para além do correio electrónico (nomeadamente o G-mail), o Facebook, Twitter, Whatsapp e Linkedin, e, como meios essencialmente de troca de informação audio-visual, o Instagram, Snapchat e YouTube - sendo o Whatsapp igualmente relevante nesta área.

De certo modo, diversos Blogs desempenham também papéis de aglutinação em rede, tal como net-páginas de particulares ou de organizações e de meios de informação pública, abertas à colocação de comentários, existindo igualmente múltiplos espaços de troca de impressões, documentos e experiências de natureza sectorial.

Cabe assim recordar, se bem que de um modo muito sintético, que desde os anos 50 houve uma transformação substancial no relacionamento social entre famílias na sequência do advento da televisão - e até dentro de muitas famílias - situação que se adensou com a aparição da Internet, inicialmente com os motores de pesquisa e o correio electrónico, ainda com base unicamente em residências e em locais de trabalho, para depois explodir com a miniaturização em telefones móveis e posteriormente em computadores-telefones de bolso.

Progrediu assim o que se poderia designar como isolamento presencial, com redução do convívio social quer extra quer intra-muros, bem como na redução da leitura de livros e jornais em suporte papel, "substituídos" pelo aumento exponencial da circulação de informação em suporte electrónico - e nesta com acentuadíssimo predomínio da de natureza audio-visual.

É certo, também, que progrediu imenso a troca de informação escrita, em particular no correio electrónico "clássico" (com notória relevância no Gmail) e nas chamadas "redes sociais" de cariz electrónico, destacando-se nestas o Facebook, seguido por outras mais recentes e em rápida expansão, nomeadamente entre os mais jovens, e em que os diálogos audio-visuais começam a assumir uma presença cada vez mais preponderante.

No entanto, o tipo de informação circulante, se bem que cada vez em maior quantidade, substitui apenas de forma muito reduzida a riqueza da que é transmitida ou trocada de forma presencial.

Diria mesmo que a primeira é "fria", e permite ao mesmo tempo a redução do "lubrificante" social que faz parte do modo de relacionamento humano que procura amenizar as relações presenciais. e que tem constituído a base da sociabilidade.

Relacionamento esse poderíamos classificar, por oposição à "frieza"  e por vezes agressividade do que se transmite por escrito, de "quente".

Sem o qual - e chegamos ao tema deste texto - o Poder Local não pode prosperar.

Mas pode, e deve, utilizar os instrumentos "frios" para incentivar os cidadãos a uma maior participação no exercício do Poder Local, interagindo com os seus representantes eleitos, e deste modo conhecendo-os melhor e assim formulando mais solidamente as escolhas futuras, bem como induzindo - no caso de partidos políticos - a necessidade de designar os melhores (e não os "aparelhistas") para o desempenho de cargos na primeira linha de contacto com os cidadãos.

E assim deve procurar constituir redes electrónicas de intervenção cívica, recorrendo aos meios que na sua grande maioria já dispõem, na certeza de que com uma adequada intervenção e com a sensibilidade que é essencial manter aumentará o grau de participação dos cidadãos no Poder democrático.

Participação essa que, bem apoiada, se tornará progressivamente mais presencial e interventiva.

5.Novembro.2017