"Ponto de vista" - May ? Mrs May, maybe May ? And if you miss May ?


    May ? Mrs May, maybe May ? And if you miss May ?

O folhetim da Brexit prossegue, demonstrando a fragilidade - para não usar outras palavras que poderiam centrar-se nos atropelos à ética - de muitos políticos britânicos, desde os que se pronunciavam pela saída da UE para depois se refastelarem no novo Governo, incluindo aliás a própria Theresa May, aos que ao invés declaravam ser melhor a permanência para face aos resultados locais do referendo acabarem a advogar a opção contrária.

E, tendo o Governo declarado que iria recorrer da recente decisão do Alto Tribunal no sentido de ser obrigatório que a declaração de saída do Reino Unido ("unido" até agora, pois algumas perspectivas escocesas fazem admitir uma cisão) seja previamente aprovada pelo Parlamento, é evidente que tal não poderá ocorrer em Março, aventando-se como hipótese alternativa mais célere o mês de Maio seguinte.

Daí o pequeno jogo de palavras que constitui o título deste escrito.

Tal situação agrava ainda mais a notória fraqueza do estado do que até agora era a tentativa de uma  progressiva união entre Estados da Europa, fracasso de que os principais dirigentes políticos são responsáveis por não saberem interpretar os interesses comuns - numa visão global e de longo prazo - dos Estados europeus situados a oeste da Federação Russa, preferindo a pequena vitória nacional ou a obtenção de um lugar num qualquer Gold Bank.

Veja-se também o que ocorre em França, onde um decrépito presidente que mais parece raciocinar como um apagado chefe de repartição emite calinadas a uma velocidade assombrosa, e toma atitudes que minam profundamente a confiança mútua que deveria existir numa "união", de que o exemplo mais flagrante é precisamente a confissão de uma moscambilha orçamental de ocultação das contas públicas, em colaboração com o "ético" presidente da Comissão Europeia D.Barroso, e aparentemente com o conhecimento da Chanceler A.Merkel, que por outro lado nunca denunciou os primeiros atropelos - logo em 2003 - ao Pacto de Estabilidade e Crescimento, da responsabilidade do seu predecessor H.Schröder, em conúbio descarado com J.Chirac.

Se a estes tristes exemplos acrescentarmos o que se passa nos EUA e em diversos Estados da União Europeia - para não falarmos em outras áreas do mundo em que a democracia não está instalada, ou em que o seu funcionamento é débil - chegaremos à conclusão que neste arco atlântico há que caminhar no sentido do aperfeiçoamento da democracia participativa de modo a ajustar profundamente os mecanismos da democracia representativa, cada vez mais capturada por "exércitos" de interesses que se instalam nos respectivos sistemas de funcionamento, e que acabam por afastar da vida política os cidadãos ou para os fazer aproximar de demagogos cujo percurso e objectivos são altamente duvidosos.

"Duvidosos" ?

6.Novembro.2016