"Ponto de vista": Erros nas sondagens eleitorais.


  Erros nas sondagens eleitorais.

Tanto em Junho, aquando da Brexit, e agora em Novembro ("Clintexit"...) houve erros clamorosos da generalidade das empresas e institutos de sondagens, ao atribuírem vitórias que não aconteceram.

No caso do Reino "Unido" deverá assinalar-se que a taxa de participação excedeu 70 % dos eleitores, o que dá aos erros de previsão uma dimensão bem maior do respectivo fracasso, enquanto nos EUA uma das mais baixas percentagens de votantes até agora registadas faz temer pela agudização das tensões internas, uma vez que tal poderá ter sido devido a notória falta de conteúdo consistente das propostas apresentadas por ambos os candidatos, provocando um aumento da abstenção - o que levou a que o candidato vencedor tenha sido eleito por apenas cerca de 28% do eleitorado.

Durante vários meses, e até ao momento eleitoral nos EUA, a grande maioria das sondagens prognosticava uma vitória clara de H.Clinton, apresentando-a sistematicamente em termos de percentagens nacionais - esquecendo porém que o que verdadeiramente importava era o conjunto dos "votos eleitorais" obtidos em cada Estado, uma vez que no sistema eleitoral para a designação do Presidente quem vence num Estado recolhe a totalidade daqueles representantes nesse Estado, sem qualquer repartição proporcional.

Seria assim mais lógico que os responsáveis por sondagens as elaborassem em cada Estado, em vez de tacitamente admitirem que os resultados a nível nacional se repercutiriam proporcionalmente por Estados - acrescendo o tal factor de bastar um voto para levar a que por exemplo os 25 "votos eleitorais" da Florida mudassem de direcção.

Assim, foi sendo criada na opinião pública a ideia de que o sucesso de H.Clinton estava assegurado, o que como se demonstrou estava longe de ser provável.

Tal sistema eleitoral faz-nos recordar a sempiterna perspectiva dos defensores da existência de círculos uninominais, neste caso esgrimindo o argumento da obtenção de uma maior estabilidade governativa, esquecendo injustiças análogas às que agora ocorreram nos EUA, em que a candidata não eleita teve mais votos a nível nacional do que o que obteve a nomeação - para um cargo cuja essência é a de uma representação nacional - o mesmo tendo ocorrido aliás com Al Gore, que na Florida perdeu para G.Bush (por pouco mais de mil votos - aliás controversamente contados) uma eleição em que os americanos lhe deram a maioria dos sufrágios.

13.Novembro.2016