"Ponto de vista" - Coesão da UE: alternativas.


  Coesão da UE: alternativas.

Um dos resultados da Brexit (sim, a Brexit - a saída, e não o Brexit...) foi a demonstração do erro de se ter adoptado um modelo excessivamente ambicioso na construção da união de Estados que é desde há alguns anos conhecida por União Europeia.

Na obsessão de se arregimentar o maior número de Estados permitiu-se o avolumar de excepções que começaram aliás logo com o tipo de adesão seguido com o Reino Unido em 1973, após 10 anos de "penitência" imposta pela clarividência do General De Gaulle, presidente de uma França que por seu turno tinha exigido um estatuto de excepção para a sua política agrícola (e que viria a ser sorvedoura da maioria das verbas do orçamento comunitário).

Nas adesões seguintes sobressaíram os casos de processos que tinham em grande parte como fundamento razões político-estratégicas: Estados que acabavam de se libertar do jugo de regimes autoritários (Grécia, Portugal, e Espanha) apesar de se reconhecer que o seu desenvolvimento económico era bem inferior ao dos membros de então, o que levou à adopção de modelos de financiamento tendentes a procurar superar tais desníveis.

Porventura não por acaso, dá-se pouco depois a desagregação da URSS. E, logo a seguir, a instituição formal da União Europeia, concomitante com a apressada criação dos mecanismos tendentes a criar uma moeda "única", e surgindo então a adesão de 3 Estados político-militarmente neutrais (Áustria, Finlândia e Suécia), para em 2002 ocorrer a adopção formal do Euro para a maioria dos Estados-membros, que viria ser complementada com as entradas de diversos Estados do leste europeu.

Porém, a amálgama existente não tem uma política externa comum (pese embora se diga que existe), não tem uma moeda comum, não tem uma política de defesa externa comum, não tem uma política de segurança comum, não tem uma política comercial comum. E muito mais.

E além de tudo isto não afirma uma política económico-financeira comum, pois tem diversos geradores nesta área: o Banco Central Europeu, o Banco Europeu de Investimento, a Comissão Europeia, o "Eurogrupo", e o Conselho Europeu.

E esta "União" também não tem uma "alma" comum.

Não admira assim que os cidadãos da União Europeia se sintam perdidos, sem norte, e que pressintam que têm que reformular o seu modelo de relacionamento, quer instituindo uma Federação quer uma  Confederação - e, em qualquer delas, Estatutos de Associação caso a caso.

Mas sem esquecer que no caso de uma Federação, todas as políticas fundamentais têm que ser comuns a todos - nomeadamente a relativa a uma moeda comum.

Processo longo, é certo. Mas fora dele não há muitas alternativas, pois é melhor recuar por deliberação do que por pressão, uma vez que só assim é que se pode voltar a avançar.

3.Julho,2016.