"Ponto de vista": A UE e a "pérfida Albion".

A UE e a "pérfida Albion".

"We will be in the parts of Europe that work for us, influencing the decisions that affect us in the driving seat of the world’s biggest market and with the ability to take action to keep people safe.

And we will be out of the parts of Europe that don’t work for us."

"I believe it is enough for me to recommend that the United Kingdom remain in the European Union – having the best of both worlds."

(Extractos da declaração formal de D.Cameron, Primeiro-Ministro britânico, após o Conselho Europeu que em 18 de Fevereiro de 2016 aprovou um conjunto de disposições que, entre outras, foram apreciadas na citada cimeira).

O responsável pelo Governo do Reino Unido acrescentou que assim poderia fazer campanha pela manutenção do Reino Unido na União Europeia no quadro de um referendo que, inicialmente prometido para 2017, se apressou a antecipar para 23 de Junho próximo.

Claro que, se o resultado da consulta for no sentido da manutenção do reino (por enquanto unido...) na UE, D.Cameron não deixará de o utilizar para reforçar a sua direcção no seio do Partido Conservador, e eventualmente convocar eleições antecipadas.

E é evidente que se o resultado for pela opção da saída certamente procurará dele distanciar-se o suficiente para poder continuar como chefe do Governo, ciente de que a oposição não conseguirá provavelmente apresentar quer à esquerda, quer no campo dos eurocépticos, soluções alternativas válidas.

Hipocrisia notória, aliada ao verdadeiro exercício de actuações similares que foi mostrado ao mundo por um conjunto de Estados que têm vindo a assinar um conjunto de Tratados visando a constituição de uma união de carácter político, e que à menor ameaça de um deles no sentido da respectiva saída cedem clamorosamente às suas principais reivindicações afirmando em uníssono que se tinha encontrado uma excelente solução - alguns deles apenas a troco de umas lentilhas esmoladas (e abstenho-me de dizer quais, ou qual).

Demonstra assim que não fica muito deslocado o epíteto de "pérfida Albion" com que tem sido caracterizado o povo britânico desde a batalha de Azincourt, no séc,XV, e de que Portugal sentiu ao longo da História os respectivos efeitos, muitas vezes na sequência de hipócritas evocações do Tratado de Windsor firmado em 1386.

Estaremos assim a caminho de uma desagregação de um projecto de união europeia precisamente num momento em que a coesão entre os Estados se imporia como uma necessidade premente ?

Talvez os britânicos sintam que estão perante um momento histórico, e "revertam" (onde é que já li esta palavra ?) o caminho suicidário pelo qual têm vindo a dar sinais de optar.

Vejamos entretanto se o Reino Unido não se cindirá - pois quem com ferro mata ...

21.Fevereiro.2016.