"Ponto de vista": Um caminho para a Europa.

Um caminho para a Europa.

Já por diversas vezes me tenho referido nestas páginas à falta que os cidadãos da União Europeia sentem de um projecto para a Europa, apesar de os mais recentes Tratados o conterem de uma maneira bem clara nos seus preâmbulos e artigos definidores.

Independentemente dos aperfeiçoamentos que se antevêem como necessários, o que os cidadãos também constatam é a falta de dirigentes políticos que lhes proponham caminhos que permitam a concretização do projecto que subscreveram, bem como os ajustamentos que para tal sejam necessários.

Nos 5 anos que mediaram entre a queda do muro de Berlim e a assinatura do Tratado da União Europeia houve uma pessoa que desempenhou tal papel, e que apesar de alguns erros cometidos conseguiu imprimir à construção de tal união um decisivo impulso: J.Delors.

Interpretou muito bem o papel que Comissão Europeia tinha como "entidade motora" em tal processo, identificando com clareza as acções para tal necessárias, em contraste assim com as apagadas personalidades que lhe sucederam cuja principal preocupação sempre pareceu ser a busca de um bom cargo após o termo das suas funções.

Agora, a escassos dias de completar 90 anos, vem (em co-autoria com P.Lamy e A.Vitorino), propor de um modo simples e lógico três acções para resolver os problemas suscitados pela situação na Grécia: "em primeiro lugar, uma ajuda financeira razoável que permita restaurar a sua solvência a curto prazo. 

A seguir, uma mobilização dos instrumentos da UE para reanimar a economia helénica e fazê-la regressar ao crescimento; e, finalmente, colocar rapidamente na agenda a análise do peso da dívida grega e das dívidas dos outros 'países sob-programa", acrescentando que "só um plano global assim pode abrir perspectivas de esperança e de mobilização para o povo grego e as suas autoridades e, dessa forma, comprometê-los com o esforço de reconstrução de que o país precisa e de que a UE beneficiará", pois "o problema da Grécia não é apenas nacional" porque "tem e terá efeitos em toda a Europa", pelo que a questão não se limita "a medir as consequências económicas e financeiras", mas de "perceber a evolução da Grécia numa perspectiva geopolítica como um problema europeu".

J.Delors mostra assim que os europeus devem deixar de eleger "anões políticos" para conduzir os seus destinos.

5.Julho.2015.