"Ponto de vista": Ceuta: um centenário quase esquecido?

Ceuta: um centenário quase esquecido?

Nos próximos dias completam-se 600 anos sobre o início da expansão marítima e colonial portuguesa, geralmente associado à partida da Armada que sob o comando do próprio Rei de Portugal, D.João I, viria a ocupar, algumas semanas depois, a cidade de Ceuta.

Com excepção de algumas iniciativas dispersas, nomeadamente da Sociedade de Geografia de Lisboa, Academia de Marinha, e Instituto D.João de Castro, parece ter caído um manto de esquecimento colectivo sobre o episódio que caracterizou o começo de uma mudança profunda na vida de Portugal até há poucas décadas, e cujos reflexos marcaram o início da globalização.

Poder-se-ia pensar que motivos de relacionamento internacional estariam na origem de um tal recolhimento, como se fosse indigno de Portugal recordar a sua História, mesmo que pautada por erros de estratégia ou de comportamento para com outros povos.

Mas o facto é que o próprio Município de Ceuta está a dar grande relevo à data da tomada de Ceuta, mesmo num contexto sensível decorrente das reivindicações marroquinas sobre o enclave, enquanto que em Portugal não há aparentemente, salvo alguns colóquios de cariz universitário e novos livros de investigação sobre o tema, manifestações adequadas promovidas pelos altos responsáveis políticos, nomeadamente o Presidente da República, a Presidente da Assembleia da República, e o Primeiro-Ministro - e pelos principais Partidos Políticos, bem como por anunciados ou pressentidos candidatos à eleição presidencial.

É assim esquecida uma oportunidade para que colectivamente recordemos o passado, e se aproveite um momento tão particular para de novo se discutir o futuro.

Portugal tem que acordar.

E deve também, responsável que foi por um passo inicial tão importante como o foi o dado com a partida para Ceuta, procurar ajudar a motivar a Europa a encontrar um novo caminho no Mundo - e para o Mundo.

12.Julho.2015.
(Revisto em 16.Julho.2015).